São técnicas de diagnóstico da presença do HPV através da detecção de seu DNA.
Além da captura híbrida, também estão comercialmente disponíveis alguns testes baseados em PCR (reação em cadeia de polimerase – Polymerase Chain Reaction). Para realizá-los, o médico deve obter material de colo ou vagina, no caso da mulher, ou da uretra, no caso do homem, e remeter ao laboratório em um recipiente próprio. O material para a coleta e transporte do material devem ser obtidos previamente no laboratório que irá realizar o exame com apresentação do pedido médico.
Presentes tipos de HPV relacionados ao câncer cervical (também chamados de oncogênicos ou de alro risco), especialmente em mulheres com 30 anos ou mais, existe alguma probabilidade de existir uma lesão pré maligna (ou precursora do câncer do colo do útero). Com base nisso, existe uma tendência de substituir o exame tradicional (Papanicolaou, exame citopatológico, colpocitologia, citologia oncótica ou, simplesmente, exame de lâmina) pelos testes de HPV para o rastreamento do câncer do colo do útero em mulheres com 30 anos ou mais. Antes dessa idade, a probabilidade de um faso positivo é muito grande e não é recomendado. Como o exame tradicional negativo não garante 100% a inexistência de uma lesão pré maligna ou câncer, a mulher deve repetí-lo, pelo menos, a cada 3 anos. Já quando é usado um teste de HPV (captura híbrida ou PCR), seu resultado negativo dá uma garantia maior de ausência de doença, podendo ser repetido a cada 5 ou 10 anos. Não é necessária sua repetição anual.
Por outro lado, como são exames mais sensíveis do que o exame tradicional, quando são positivos não significam, necessariamente, que há uma lesão pré maligna ou cãncer. Assim, nessa situação, a presença de uma lesão pré maligna ou câncer deve ser confirmada pela colposcopia.
Existem vários protocolos recomendados para investigar a presença de uma lesão pré maligna ou câncer após um teste positivo para HPV. Se o teste não distingue os tipos virais, como a Captura Híbrida, o recomendado é realizar uma colposcopia. Se o teste diferencia os tipos 16 e 18 dos demais (genotipagem), a colposcopia deve ser realizada se presentes os dois primeiros. Se presentes tipos oncogênicos diferentes do 16 e 18, deve ser realizada uma citologia (o preventivo tradicional) e realizar a colposcopia apenas se esse novo exame estiver anormal.
Muitos laboratórios têm oferecido aos médicos a realização da citologia em meio líquido junto com um teste de HPV e para outros agentes infecciosos sexualmente transmissíveis. A realização simultãnea dos dois testes aumenta o custo sem melhorar o desempenho diagnóstico, mas permite a realização de outro exame em seguida ao primeiro, caso esse seja positivo, sem a necessidade de uma nova coleta. Seu médico é quem deve determinar qual exame deve ser realizado em cada situação específica.
Esses testes também podem ser realizados em material obtido por autocoleta, ou seja, pela própria mulher, dispensando o exame ginecológico. Isso é uma grande vantagem para mulheres com dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou que se sintam constrangidas em se submeter à coleta por profissional de saúde. Nesse grande grupo incluem-se os homens trans que não tenham retirado o útero.
Outra possibilidade de utilização desses testes é na triagem após uma citologia duvidosa ou menos relevante: o preventivo tradicional pode fornecer um laudo de células atípicas de significado indeterminado (ASCUS) ou Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL). Nesses casos, a probabilidade de haver uma lesão pré maligna ou câncer é muito baixa e o recomendado nas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do câncer do Colo do Útero (Inca, 2016) é repetir o preventivo em 6 a 12 meses dependendo da idade. Uma alternativa mais rápida é realizar um deses testes e, se presentes tipos oncogênicos a mulher deve realizar a colposcopia, pois a probabilidade de doença relevante com os dois exames positivos torna-se mais significativa.
Além da presença do HPV, a captura híbrida também quantifica indiretamente a carga de vírus presente. Até o momento não existem evidências consistentes de que essa informação tem algum significado diagnóstico (probabilidade de presença de lesão pré maligna ou câncer) ou prognóstico (gravidade da lesão). Assim, não existem protocolos que indiquem colposcopia ou tratamentos em função da carga viral de HPV.
Além da utilização desses testes no rastreamento ou na triagem após citologia duvidosa ou de baixo grau, também têm valor clínico em situações específicas, como no seguimento após tratamento de lesões pré malignas e quando há suspeita de doença, mas essa não é detectada na colposcopia.
Em outras situações esses testes não tem qualquer valor, como quando o preventivo já sugere uma lesão pré maligna (lesão de alto grau, NIC II, NIC III, displasia moderada, acentuada, carcinoma in situ, HSIL, SIL 2) ou um diagnóstico duvidoso no qual não seja possível afastar uma lesão pré-maligna (Atipias de células escamosas, não podendo afastar lesão de alto grau – ASC-H). Nestes casos a paciente deve realizar uma colposcopia. O resultado deste exame não mudará a conduta médica.
(atualizado em 29/12/2021).