É uma questão controversa. Como você já teve contato com o HPV, e os mais frequentes são os encontrados nas vacinas, é bem provável que o que você teve seja um dos tipos das vacinas. Assim, as vacinas não lhe protegerão contra este tipo.
Teoricamente, você pode obter proteção contra os tipos com os quais ainda não teve contato, mas provavelmente já estará numa fase da vida em que a contaminação pelo HPV torna-se menos frequente devido à redução do número de parceiros sexuais.
Alguns estudos vem demonstrando redução do risco de mulheres vacinadas tratadas para lesões relacionadas aos tipos vacinais de HPV apresentarem novas lesões em relação às não vacinadas. Todavia, como são eventos infrequentes, muitos não conseguiram comprovar que que a vacinação nessa situação pode trazer benefícios: como é difícil ter uma nova lesão, vacinadas e não vacinadas tiveram novas lesões muito raramente.
Em 2020 foi publicada uma metanálise (estudo que reúne vários outros estudos pequenos, potencializando os rexultados) que mostrou que, de fato, pode haver redução de risco de novas lesões, mas essa proteção foi observada em uma em cada 20 mulheres vacinadas, apontando para uma pobre relação custo-benefício.
Assim, pensamos que a indicação de vacinação contra HPV após o tratamento de lesões deve ser discutida com a mulher e ser baseada nas limitadas evidências disponíveis, o benefício esperado e o custo envolvido. A vacinação, por si só, não garantirá que uma nova lesão na ocorrerá e a probabilidade de uma nova lesão em mulheres imunocompetentes é muito infrequente, podendo ser detectada em um novo exame preventivo realizado no seguimento pós tratamento.