Os testes de HPV, em especial a Captura Híbrida, foram criados há algumas décadas e com propostas de utilidades diversas. Incluem também os testes de genotipagem e outros, baseados em PCR.
Mais recentemente, tem demonstrado muita utilidade como uma alternativa ao exame preventivo tradicional (ou Papanicolaou, citopatológico, colpocitologia ou citologia oncótica), devido à sua maior sensibilidade, ou seja, tendem a deixar passar menos casos falso negativos.
Sua utilização baseia-se no fato de que, presentes tipos de HPV relacionados ao câncer do colo do útero (ditos oncogênicos ou de "alto risco") há alguma probabilidade de haver uma lesão precursora do câncer. Isso é particularmente verdade em mulheres com 30 anos ou mais. Antes dessa idade, muitas mulheres se mostrarão portadoras de HPV, mas sem lesões significativas. Nessas, a recomendação é utilizar o exame preventivo tradiconal, mas somente a partir dos 25 anos. Antes dessa idade o exame preventivo não é recomendado, pois detecta muitas alterações que poderão levar a procedimentos desnecessários e, em consequência, mais danos do que ganhos.
Frente a um teste de HPV prositivo para tipos oncogênicos, dependendo do método utilizado, poderá ser necessária uma colposcopia ou um exame preventivo tradicional. Em linhas gerais, se o teste identifica apenas a presença de HPV oncogênicos (de "alto risco"), a recomendação é de que realize o preventivo tradicional. Se esse exame estiver alterado, deve ser realizada uma colposcopia. Se o teste diferencia quais são os tipos presentes, se forem o 16 ou 18, deve ser realizada a colposcopia independente do preventivo. Caso estejam presentes outros tipos oncogênicos que não o 16 ou 18, a colposcopia deverá ser realizada apenas de o preventivo se mostrar alterado.
Importante: a Captura Híbrida fornece a quantificação da carga viral. Apesar desse valor assustar alguns médicos e mulheres, não há qualquer evidência de associação de maiores cargas a lesões mais graves e também não se presta a acompanhar a evolução da doença. O resultado desse exame deve ser considerado apenas de presentes ou ausentes tipos de "alto risco".
Veja as diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero com testes de HPV.
A NIC 2 (ou NIC II) é a neoplasia intraepitelial de grau 2 (ou II). É considerada uma lesão de alto grau e, com isso, tem sido recomendado seu tratamento a partir dos 25 anos. Antes dessa idade ela se comporta mais frequentemente como uma lesão de baixo grau, ou seja, uma lesão inflamatória pelo HPV que tende à regressão mesmo sem tratamento.
Mas evidências mais recentes tem mostrado que muitas NIC 2 regridem mesmo em mulheres com 25 anos ou mais. Um desafio tem sido identificar quais mulheres com NIC 2 tem maior probabilidade de regressão (podendo ser apenas seguidas) e quais tem maior probabilidade de progressão ou mesmo ter uma lesão mais grave que não tenha sido biopsiada, devendo ser tratadas.
Há uma proposta americana que se baseia apenas da presença de um biomarcador: o p16. Assim, seu médico poderá pedir esse exame para definir a necessidade de tratamento. Todavia, acreditamos que esse não deve ser o único parâmetro para a tomada de decisão. idade, resultado do preventivo que motivou a colposcopia, extensão e aspecto da lesão biopsiada e aspecto e extensão da lesão que restou após a biópsia e possibilidade de acompanhamento nos parece um conjunto mais adequado de parãmetros para a decisão de tratar ou acompanhar.
na Cervical procuramos fazer avaliações individualizadas e discutir a decisão de tratar ou acompanhar com a própria mulher e seu médico assistente.
A OMS recomenda que 70% das mulheres sejam rastreadas para o câncer do colo do útero com um teste de alta sensibilidade, ou seja, que perca menos diagnósticos quando uma lesão precursora (que vem antes do câncer) ou câncer inicial (assintomático) está presente.
O teste de maior sensibilidade é o de detecção de HPV de alto risco. O problema é que a maior parte das mulheres portadoras de HPV de alto risco não tem doença relevante, e o resultado positivo provoca muitas reações negativas.
Além do medo de câncer, surgem questões relacionadas ao fato de o HPV ser uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), o que leva a mulher a se sentir muito mal pelo preconceito que temos contra pessoas que adquirem uma dessas doenças. Para ter HPV não precisa ser promíscua ou descuidada. È muito difícil se prevenir do HPV e é a IST mais frequente em todo o mundo!
Outras buscam um "culpado" que lhe transmitiu a infecção ... o fato de seu preventivo nunca ter mencionado a presença do HPV não significa que ele não estivesse presente, pois os preventivos tradicionais (colpocitologia, exame citopatológico ou de Papanicolaou) apenas apontam alterações celulares. Se o HPV estiver presente na forma latente, sem se multiplicar, as alterações celulares podem ser mínimas ou inexistentes. Assim, como a maioria das pessoas se contamina pelo HPV logo no início da relação, você ou seu parceiro(a) podem ter se contaminado muito antes de se conhecerem.
Em relação à questão colocada, apesar do teste de HPV perder menos diagnósticos, a repetição do preventivo tradicional aumenta sua capacidade de detectar as lesões. A própria OMS reconhece que exame de Papanicolaou também é efetivo, desde que garantida sua qualidade, e recomenda sua substituição pelos testes de HPV onde ou quando for possível.
Mas, no caso de mulheres que nunca fizeram o exame preventivo, tem dificuldade de fazê-lo, ou não desejam se submeter a ele, o teste pode ser a única oportunidade de diagnóstico. E, quando negativo, permite a repetição em 5 a 10 anos!
Atualmente estamos vivenciando uma transição do exame preventivo tradicional para o teste de HPV e ainda estamos aprendendo a lidar com seus resultados. Procure esclarecer essas questões com seu médico assistente.